Em paralelo com a engenharia, sempre gostei de aproveitar as horas vagas para escrever sobre assuntos diversos, sendo quase tudo publicado no Facebook. E algumas pessoas, ao ler os textos, costumavam dizer que eu deveria reunir esse material e publicá-lo em livro, sugestão que, apesar de gentil, nunca levei muito a sério. Sempre escrevi por prazer e necessidade em dar vazão a meus pensamentos, e depois de escrever um texto raramente voltava a lê-lo.
Mas, em parte para atender àqueles pedidos dos amigos e em parte por curiosidade própria, um dia decidi recuperar esses textos e durante esse processo, preciso dizer, fiquei em alguns momentos surpreso com o que encontrei.
É curioso analisar o que escrevemos no passado, e isso nos dá a chance de agir como críticos de nós mesmos. Alguns textos são mínimos, enquanto em outros eu me estendo mais. Alguns parecem se referir a um determinado assunto, para somente no final deixar claro que o tema é bem diferente. Metáforas e alegorias estão presentes aqui e ali. Alguns são evidentes relatos de cenas do cotidiano, outros são puramente fantasiosos, irônicos ou meramente rezenhas críticas. E em um ou outro me arrisco até mesmo a fazer uns versos.
Me chamou atenção em particular constatar que os textos antigos eram mais leves, indicando que de alguma forma o clima tenso do mundo e em particular do país, nos últimos anos, me influenciou bem mais do que eu imaginava. Mas isso, com certeza, em maior ou menor grau, aconteceu a todos nós, sobreviventes que somos de uma pandemia.
Qualquer coisa poderia ser motivo para um novo texto: o banco de praça vazio, uma notícia no jornal, a folha caída ou uma rinite alérgica braba. Dei risadas com alguns deles, relembrei situações que não recordava, gostei de uns, não tanto de outros, e fiquei surpreso ao descobrir coisas sobre mim mesmo, coisas que eu já tinha sentido e esquecido. É interessante observar que dentre os vários gêneros e assuntos abordados, os de maior receptividade foram os bem humorados, enquanto os políticos geraram mais críticas e os religiosos mais polêmicas, o que não me trouxe qualquer supresa.
Dentre os quase 400 textos que publiquei nos últimos seis anos, 250 foram selecionados para compor esse livro virtual. Eles cobrem o período de 2016 a 2022, falando sobre assuntos tão variados como música, poesia, romance, política, cultura, fé, filmes, livros e palpites sobre quase tudo.
Mas a razão oculta que me levou a escrever essa série de textos curtos sobre assuntos tão diferentes e com variados estilos de prosa talvez não tenha sido apenas externar pensamentos, fazer rir, expor ou denunciar, mas sim impor a mim mesmo um treinamento para aprimorar técnicas narrativas, com vistas no futuro a um projeto maior, ainda em gestação.
Optei por colocar em cada página a data em que foram originalmente postados, para com isso tentar dar uma idéia do contexto histórico e/ou social em que cada um deles foi escrito, já que sem essa informação alguns deles poderiam, lidos agora, perder o sentido principal. Em alguns rodapés inclui também notas explicativas que achei necessárias.
A leitura desse livro virtual é grátis e não estou ganhando absolutamente nada com isso. Como esses textos foram publicados em outra mídia, alterações foram necessárias em trechos de alguns deles, de forma a permitir melhor compreensão e adaptação adequada a este formato.
Agradeço imensamente a todos que me incentivaram a continuar escrevendo e insistiram para que um dia esse material fosse reunido. Agradeço em especial à Regina, mulher amada, vida e força motriz de todos os dias, inclusive pela paciência demonstrada em todas as vezes que me permitiu continuar escrevendo enquanto ela apagava diversos incêndios na casa. É dedicado a vocês que eu deixo aqui Um Pouco de Tudo.
Isso é apenas o começo.
Douglas Cabral Garcia
Janeiro 2023