Havia um grande coração no saguão do aeroporto,
Mas ninguém lhe ouvia ou lhe dava atenção,
Todos partiam ou chegavam apressados,
Sem tempo a perder com o que ele tentava mostrar.
E ao mesmo tempo, no entorno dele, mil outros corações também estavam a pulsar.
Batidas entristecidas pela despedida que não era possível evitar,
Batidas ansiosas antevendo encontros felizes a se aproximar,
Batidas indiferentes de quem passa todos os dias pelo mesmo lugar,
Batidas saudosas de momentos vividos poucos dias atrás,
Batidas em êxtase de quem sabe que nunca mais precisará esperar,
Batidas amarguradas de quem sabe que nunca mais poderá voltar.
Havia vários pequenos corações no saguão do aeroporto,
E todos batiam ao mesmo tempo, cada qual com algo a contar,
No entanto, um não ouvia ao outro, era como se todos não estivessem lá.
E naquela sinfonia surda, quase ninguém conseguia disfarçar,
O que todos ao mesmo tempo tentavam ocultar,
Nenhum deles tinha aprendido, como com ele lidar.
Publicado em 26.04.2017