Em 15 de agosto de 1953 eu voei de Porto Alegre para Bagé, a bordo de um Douglas DC3 da VARIG, e o voo durou 1 hora e 10 minutos.
Em 6 de outubro de 1988 eu voei de Ipatinga para Governador Valadares a bordo de um Embraer EMB-110 Bandeirante da Nordeste, e o voo durou 15 minutos.
Em 05 de outubro de 2001 eu voei de Las Vegas para Denver, a bordo de um Boeing 737 da United, e o voo durou 1 hora e 50 minutos.
Em 21 de setembro de 2002 eu voei de Budapeste para Istambul, a bordo de um Fokker 70 da Malev Airlines, e o voo durou 2 horas e 20 minutos.
Em 12 de setembro de 2004 eu voei de Frankfurt para Varsóvia, a bordo de um Boeing 737 da Lufthansa, e o voo durou 1 hora e 25 minutos
Em 20 de maio de 2006 eu voei de Moscou para São Petersburgo a bordo de um Tupolev TU-134 da Pulkovo, e o voo durou 1 hora e 35 minutos.
Em 11 de junho de 2019 eu voei do Rio para Londres a bordo de um Boeing 787 da British Airways, e o voo durou 11 horas e 5 minutos.
Não, eu não sou dotado de memória privilegiada nem surtei de repente. Estes são apenas alguns exemplos das anotações da minha Caderneta de Voo, que encontrei no fundo de uma gaveta, e que passei alguns minutos folheando. Acontece que, como meu pai era da FAB, tinha sua Caderneta de Voo, que é onde todo piloto obrigatoriamente anota os dados referentes a cada voo que faz, tais como equipamento, duração, origem, destino e outras informações técnicas.
Pois parece que meu pai, após meu nascimento, decidiu fazer para mim uma mini caderneta de voo (a sério ou de brincadeira, não cheguei a descobrir) e a foi mantendo atualizada durante anos. Um dia, já adulto, eu a descobri, achei interessante a idéia e, também meio a sério e meio à brincadeira, decidi continuar a atualizá-la com todos os voos que fazia.
Foi graças a ela que descobri que já acumulei 1.358 horas e 40 minutos de voo ao longo de minha vida. Descobri também que já tive coragem para voar num Bandeirantes (bimotor que diziam não ser muito confiável), que eu era louco o suficiente para voar em companhias que não inspiravam a menor confiança, e que ficar em listas de espera em aeroportos onde ninguém fala inglês é algo que não se deve desejar ao pior inimigo.
Mas descobri, acima de tudo, que aquele pequenino e velho caderno de anotações com folhas amareladas tem uma importância muito maior que apenas registrar números e datas. Ele é um resumo de viagens, aventuras, emoções e lugares que eu nunca vou esquecer.
Obrigado pela idéia pai. Valeu.
Publicado em 12.03.2020