Haja Sanidade Mental

 

Haja sanidade mental para tocar a vida em frente. Haja determinação para falar ou escrever sobre filmes, séries, passeios ou seja lá o que for. Tenho me esforçado ao máximo para pensar em outras coisas, arejar a mente e fingir que a vida segue normalmente, mas o Brasil de Bolsonaro não está fácil.

Até os Estados Unidos do tresloucado Trump estão saindo do lamaçal negacionista, despacharam o imbecilóide-alaranjado e veem os caminhões da Pfizer pegar a estrada levando a Cura (não me refiro a uma turnê da famosa banda de rock) a todos recantos do país.

Mas precisávamos aqui ser diariamente tão afrontados e esbofeteados? Precisávamos ir na contramão do resto do mundo? Precisávamos regredir a esse ponto?  Além de atrapalhar, retardar e boicotar ao máximo a vacinação, ele agora quer que cada brasileiro que deseje ser vacinado assine um 'termo de consentimento'. Ou seja, se você quer morrer, assine aqui embaixo. Com isso o presidente instaura pânico, medo e desinformação na população. Deixa de ser apenas sociopata para tornar-se também criminoso. Crime contra a saúde pública. 

Jovens podem se dar ao luxo de ignorá-lo e esperar. Velhos não. O tempo que idosos tem pela frente tem uma dimensão e valor diferentes. Cada dia, cada ano perdido para idosos tem valor muito superior aos de um jovem. Porque para nós eles são poucos e preciosos. Ninguém nos garante que daqui a dois ou três anos estaremos aqui e teremos uma segunda chance para fazer o que agora nos é impedido. Bolsonaro nos rapta o tempo, a vida e a esperança.

Não é do meu feitio fingir que nada está acontecendo. Não é do meu temperamento negar a realidade. Outro dia uma querida amiga disse: relaxa, em breve você será vacinado. Sim, eu sei, mas isso não muda nada. Não me preocupo apenas por mim. Me preocupo por todos à minha volta, pelos amigos, pelos desconhecidos, pela saúde coletiva, pela retomada das atividades normais, pelo convívio social, pela volta dos abraços, beijos, reuniões em família, por podermos novamente planejar, sonhar e concretizar esses sonhos. 

Sim, eu vou continuar denunciando esse governo. Sei que isso é apenas uma gota d'água, mas é o que posso fazer. Eu não tive medo de servir como voluntário para os testes da vacina Jensen, elaborados pela Fiocruz e quando ela ficar pronta vou poder dizer que, de alguma forma, colaborei com seu desenvolvimento.

E eu também não tenho medo de denunciar esse governo, por isso, quando ele for embora, eu vou poder dizer que lutei contra ele. 

 

 

Publicado em 16.12.2020