A invasão do Congresso americano em 6 de janeiro, símbolo da mais longeva democracia do planeta, por uma turba de terroristas de extrema direita, num evento programado semanas antes e incentivado por Trump, nos serve de alerta.
O ultrajante evento, que já entrou para a história e que será lembrado para sempre como um dia de infâmia, resultou em janelas estilhaçadas, móveis destruídos, documentos inutilizados, vários feridos e cinco mortos, não ocorreu durante uma manifestação do Black Lives Matter. Ele foi organizado por uma turba de pessoas brancas e racistas, muitas delas uniformizadas, com armas automáticas, fuzis, coquetéis molotov e equipamento de combate. O que há de comum entre os membros dessa turba de fascistas, anarquistas e nazistas é que todos seguem, como terroristas bem treinados, as ordens do homem que (ainda) ocupa a Casa Branca. O ídolo de Bolsonaro.
Todo o mundo civilizado condenou o evento. Todos os líderes de países democráticos, incrédulos com o que viam, se solidarizaram com as instituições americanas, agredidas violentamente, emitiram notas de protesto e repudiaram a ultrajante invasão. Menos Bolsonaro.
Desde que assumiu, Trump se dedicou a governar acirrando ânimos, disseminando ódio, gerando conflitos, fazendo a apologia do racismo, incentivando o armamento da população, agredindo as instituições democráticas, desrespeitando minorias, negando a ciência, desprezando a vida, menosprezando outros poderes constituídos, inventando fraudes eleitorais, pressionando subordinados a desprezar regras, humilhando colaboradores, insuflando fanáticos seguidores, exigindo submissão explícita, usando redes sociais como instrumentos de disseminação de ódio, mentiras e falsidades e tendo o deboche e sarcasmo como marcas registradas. Assim como Bolsonaro.
Daqui a dois anos o Brasil verá algo igual. Não é uma possibilidade, é uma certeza. Assim como é certeza que em 2022 Bolsonaro será derrotado. A retumbante derrota de praticamente todos seus candidatos nas eleições municipais deixou claro que seu tempo caminha para o fim. O término do auxílio emergencial fará com que seja abandonado também pelas camadas mais necessitadas.
A crise econômica sem solução, as reformas que jamais saem do papel, o desemprego aumentando, seu fracasso estrondoso no enfrentamento da pandemia, vão pesar cada vez mais daqui para a frente. A lhe apoiar continuarão os mesmos de sempre: Sua horda de fanáticos. Mas eles não serão suficientes para impedir que Bolsonaro seja derrotado. Só não sabemos ainda por quem.
Que ninguém duvide: Assim como seu ídolo, Bolsonaro também não aceitará a derrota. Inventará todo tipo de mentiras, acusará o sistema de fraudulento, incentivará seus fanáticos terroristas a invadir prédios, tentará instaurar o caos, a desordem, e criar um clima favorável ao golpe de estado.
Trump não conseguiu. Bolsonaro também não conseguirá.
Publicado em 09.01.2021
N. do A.: Confirmando a previsão do texto, em 8 de janeiro de 2023 aconteceu uma invasão semelhante, quando criminosos tomaram de assalto as sedes dos três Poderes Constituídos em Brasilia. E assim como Trump, Bolsonaro também não aceitou a derrota, insuflando seguidores a tentar um golpe de Estado.