Heleninha entrou em casa e disse: Mamãe eu estou grávida.
A mãe quase caiu dura. Não era possível! Heleninha tinha só 16 anos! E sempre tinha sido uma menina tão recatada, tão ajuizada, tão família! Nunca tinha sido como essas outras que saem por aí com qualquer um e em pouco tempo estão se permitindo intimidades. Além do mais ela saía sempre acompanhada, só para passear na praça ou ir ao cinema, e mesmo assim nunca sozinha. Sempre ia acompanhada da tia Eulália ou da Dona Leonor.
Como isso foi acontecer? Quem teria sido o miserável que se aproveitou da ingenuidade da minha Heleninha ? O que seu pai iria dizer? Agora ela ia ter que casar! E essa criança? O que seria dela?
Tentando controlar a respiração e fazendo força para não desmaiar a mãe se aproximou de Heleninha, sentou ao seu lado, pegou carinhosamente suas mãos, colocou-as sobre o colo, e enquanto lágrimas lhe escorriam pelo rosto perguntou, entre soluços: Mas como foi isso Heleninha ? O que você fez?
E Heleninha respondeu: Mamãe, a gente estava na praça e de repente o Paulinho apareceu com um sorvete de abacaxi. Aí ele perguntou se eu queria uma lambida e eu disse que sim. Então ele deixou eu lamber o sorvete dele. E depois as minhas amigas disseram que quando a gente lambe o sorvete de um menino a gente fica grávida dele.
Foi nesse momento que a mãe soltou um guincho, revirou os olhos e caiu inerte no chão, com um estranho sorriso estampado no rosto.
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A história acima é verdadeira. Aconteceu em 1929 com uma pessoa da família, já falecida, e virou piada familiar. Apenas os nomes foram trocados para preservar identidades. A Heleninha da história casou com 22 anos e como nada aconteceu na noite de núpcias alguém teve que no dia seguinte explicar ao jovem casal como eram as coisas da vida, já que nenhum dos dois sabia exatamente como proceder.
Publicado em 04.09.2020