The Monkees

 

Pode parecer incrível, mas na segunda metade dos anos 60 houve uma banda que rivalizou em popularidade com os Beatles. E ainda mais incrível, era uma banda fake.

Tudo começou como um projeto para uma comédia da TV envolvendo muita correria, brincadeiras, loucuras ao estilo Help (o filme dos Beatles) e música jovem. Foram colocados anúncios nos jornais informando que um estúdio de Hollywood estava escalando elenco para essa nova série, e ao final das entrevistas quatro rapazes foram escolhidos: David, Micky, Mike e Peter. Os dois primeiros eram atores e os dois últimos músicos. O nome escolhido para a banda foi The Monkees, novamente uma referência aos Beatles (besouros e macacos). Para compor as músicas de fundo dos episódios foram chamados compositores consagrados na época, como Tommy Boyce, Bobby Hart, Carole King e Gerry Goffin.  E para tocar os instrumentos foram chamados músicos experientes, dotados de mais técnica.

E o que então deveriam fazer os 4 Monkees? Cantar. E fingir que tocavam. Mike e Peter, os únicos músicos verdadeiros da banda, ficaram furiosos, mas não houve jeito, e tiveram que acatar as ordens dos produtores.

Mas as coisas saíram melhores que o esperado. O seriado foi um sucesso. E quando o primeiro álbum dos Monkees foi lançado, com canções compostas apenas para servir como fundo musical dos episódios, foi um sucesso ainda maior, sendo que a canção Last Train to Clarksville, cantada por Micky, chegou ao primeiro lugar das paradas americanas, vendeu milhões de cópias e catapultou o grupo ao estrelato.

Na época, a informação que os quatro Monkees não tocavam instrumentos e apenas faziam playback era um segredo guardado a sete chaves (atualmente isso é comum, e qualquer álbum de qualquer músico conta com convidados e músicos diversos tocando instrumentos) e quando essa notícia veio a público houve quase um escândalo. Mas a essa altura a Monkeemania já tinha tomado conta do mundo, eles tinham milhões de fãs, uma coleção de sucessos e o prestígio da banda era sólido. Apenas a partir do 3º álbum (Headquarters) os Monkees deixaram de ser uma banda fake, passando a ter participação ativa nas decisões sobre novos projetos, gravações, e tocar seus instrumentos.

De todos os sucessos dos Monkees nenhum se tornou tão famoso como I’m a Beliaver, composta por Neil Diamond e lançada no 2º álbum da banda (More of the Monkees, com vocais de Micky, lançada em 1966). Antes mesmo de seu lançamento I’m a Beliaver já tinha vendido por antecipação mais de um milhão de cópias, mesmo que ninguém tivesse ainda ouvido sequer uma nota da música. Até hoje a canção segue sendo regravada, e serviu até mesmo como trilha sonora do filme Shrek.

Para dar uma ideia do prestígio dos Monkees, David Bowie, ao iniciar a carreira, precisou adotar outro nome por causa dos Monkees. Bowie pretendia adotar o nome artístico de David Jones (seu nome completo era David Robert Jones), mas como esse era o nome de um dos integrantes dos Monkees, os produtores chegaram à conclusão que Bowie não teria a menor chance de competir com a banda, e sugeriram que ele adotasse o nome artístico de David Bowie.

O seriado The Monkees teve duas temporadas e 58 episódios, todos absolutamente debilóides e nonsense, mas afinal, era exatamente esse o objetivo.

Como banda, The Monkees gravaram 13 álbuns e ainda continuam em atividade, mesmo sem David Jones, falecido em 2012. E já há muito tempo, todos tocam seus instrumentos.

 

 

Publicado em 11.10.2021

 

N. do A. Na época de publicação desse livro, apenas Micky Dolenz permanecia vivo.