A menina devia ter uns nove ou dez anos e era linda. Chegou, sentou ao meu lado e me olhou fixamente. Deu então um sorriso e me estendeu a mão segurando um saquinho de pipocas, me oferecendo e perguntando se eu queria. Eu agradeci e disse que não, mas ela insistiu com um sorriso impossível de resistir. Eram daquelas pipocas prontas, pré-fabricadas, com gosto de borracha, mas mesmo assim eu engoli e agradeci, dizendo que estavam deliciosas. Ela então me deu um sorriso ainda mais bonito e se recostou na cadeira, com jeito de quem estava feliz da vida. Perguntei seu nome e ela disse: Jenine. Que nome lindo, eu falei, e ela riu de novo, toda dengosa.
Logo em seguida entrou na secretaria onde nós estávamos uma mulher de seus trinta anos, de aspecto gentil, me cumprimentou e foi até a menina. Segurou seu braço e com toda delicadeza a ajudou a levantar. Jenine então me disse tchau com o sorriso mais lindo do mundo e saiu andando, sozinha.
Jenine era tão bonita que mesmo depois que saiu da secretaria eu continuei a ver seu rosto. Ela falava com dificuldade e caminhava com muito esforço enquanto seus olhos e cabeça se moviam incessantemente em várias direções.
Do lado de fora, pela janela da secretaria, eu via outras crianças no jardim daquela casa, todas também com sérias deficiências cerebrais ou motoras, brincando no playground e auxiliadas por bondosos voluntários que mais pareciam anjos.
Jenine é uma das crianças internas da Associação Pestalozzi, em Canoas RS. Essa é uma organização presente em vários países, que tem por finalidade prestar assistência, educação, tratamento e ajustamento social a portadores de necessidades especiais. Grande parte do trabalho é feito por voluntários e eles enfrentam dificuldades de todos os tipos, principalmente financeiras.
Faça uma doação. Toda e qualquer ajuda será muito bem vinda.
Publicado em 23.04.2019