23 de Setembro de 2017. Essa data já é histórica. E quem estava lá com certeza nunca vai esquecer.
O Mito, A Lenda ao vivo, bem em frente. Difícil escrever sobre um show quando ainda se está tomado pela emoção, mesmo que quase 24 horas já tenham passado. E estou achando que ela não vai passar tão cedo, se é que algum isso algum dia vai acontecer.
Foi rock puro, sem firulas, coreografias, dancinhas, fantasias, sem a menina emocionada que é chamada ao palco para cantar junto, sem aquelas coisinhas usuais que costumam acontecer em shows. Dessa vez foi rock puro e básico, na veia, como deve ser. Como se espera de um festival chamado Rock in Rio. Como se espera de uma Banda de Rock com letras maiúsculas. Como se espera do THE WHO. E eles disseram a que vieram.
Cada vez que Pete girava o braço na guitarra, como se fosse uma hélice de avião, a platéia ia ao delírio. Cada vez que Roger segurava a corda do microfone e a fazia rodar como se fosse saltar longe, a platéia ia ao delírio. Mas houve muitos outros delírios.
Com os primeiros acordes de Pinball Wizard, a plateia urrou. Com a introdução de sintetizadores, em Baba O'Riley, a massa vibrou. E quando soaram os riffs de Substitute muita gente ficou com os olhos cheios d’água em ouvir aquilo ao vivo, inclusive eu. E não eram só os coroas que vibravam, muita gente jovem cantava junto e surpreendentemente conhecia as letras. E até comentários tipo 'Que legal, não sabia que essa música era do Who' se ouviu. Estranho fenômeno acontece com a música quando ela é boa. Ela se torna atemporal. Mas são poucos os artistas que conseguem criar obras que se enquadrem nesta categoria e Pete Townshend é um deles.
Outro dia escrevi aqui sobre sua genialidade e não vou voltar ao assunto, mas Pete me surpreendeu. Está com tudo em cima, com um vigor e energia no palco que deixam pra trás muito garoto de 30 anos. E ainda soltava suas piadinhas, como quando disse, antes de My Generation: Most of you weren’t born when I wrote this song. E Roger Daltrey, mesmo um pouco barrigudo, também deu conta do recado, segurando bem os vocais. De quebra, ainda tivemos Zak Starkey, filho de Ringo Star, na bateria, dando um show de ritmo e resistência e com certeza deixando Keith Moon feliz, onde quer que ele esteja. E no baixo, os contratempos de Pino Palladino com certeza agradaram a John Entwistle. Foi quase como se os quatro integrantes originais do Who estivessem juntos no palco.
O show transcorreu redondo, sem falhas e sem papos desnecessários. Apenas um breve comentário de Pete aqui e ali, e já entrava outra música. E todo mundo cantava junto. O set list foi bem escolhido, alternando músicas vigorosas (claro, isto é The Who) com breves momentos de (quase) acústico, como em Behind Blue Eyes.
Ver aquilo ao vivo, com um som perfeito e que invadia até a alma, foi demais e de repente eu próprio me vi cantando a plenos pulmões, com os olhos cheios de água e pulando como se tivesse 18 anos, no meio de uma multidão quase em êxtase. Pois é, THE WHO tem o poder de fazer coisas assim com quem assiste seus shows, a gente se transforma.
23 de Setembro de 2017. Essa data já é histórica. Eu estava lá e vi com estes olhos que a terra há de comer: THE WHO ao vivo. E nunca mais vou esquecer.
Publicado em 24.09.2017