Conhecimento

 

Em interessante artigo, o jornalista Pedro Doria comenta uma recente análise relacionando prosperidade e agonia econômica.

O estudo, feito pelo Economic Innovation Group, analisa o mapa do deslocamento da prosperidade nos Estados Unidos ocorrido nas últimas décadas. Onde ela está agora, quais regiões do país são mais prósperas e quais deixaram de ser. E uma das principais conclusões do estudo é que em todas as cidades atualmente prósperas, há ao menos uma grande universidade e a população jovem é grande. A conclusão da pesquisa é evidente: Conhecimento e disposição são ingredientes básicos para a prosperidade. 

Leio isso e penso em tantos jovens inteligentes, com disposição e vigor, autênticos diamantes brutos, mas que não se interessam em adquirir conhecimento, em estudar, em investir em si mesmos. Por preguiça, por 'falta de tempo', por acreditar que o investimento terá retorno demorado e incerto, por acomodação, por acharem que já sabem o suficiente, por acharem que sua vida não irá melhorar com o estudo, por convicções pessoais, por dogmas religiosos, por se acharem incapazes ou mesmo por desconhecerem o quanto há para aprender.

Um antigo provérbio afirma que Conhecimento não ocupa Espaço, e seu significado é claro. Ele nunca será demasiado, sempre irá somar, contribuir, acrescentar e engrandecer. E sempre trará benefícios, para quem o adquire e para diversas outras pessoas, de uma forma ou outra, ligadas a quem o adquire. Mas nem todo mundo pensa assim.

Parte desta noção é causada pela ideia enganosa que conhecimento está associado necessariamente à cobiça, ganância, ao enriquecimento em detrimento de outras qualidades a serem perseguidas, a 'se dar bem', no sentido pejorativo da expressão. E isso muitas vezes é verdade, mas nem sempre.

Como em tudo, o que fazer com o conhecimento depende principalmente de quem o detém. A lâmina nas mãos do cirurgião salva uma vida. Nas mãos do assassino a rouba. Assim é com o conhecimento. Quando bem utilizado, pode se tornar num dos instrumentos mais eficazes para combater a miséria, a injustiça, a fome, a desesperança, as doenças. E também para proporcionar a você e aos seus próximos, mais segurança, conforto, saúde e perspectivas de um futuro melhor.

Tive a sorte, ou benção, de ter nascido numa família onde o incentivo ao estudo era constante. Fazendo uma conta rápida, vejo que dediquei cerca de vinte anos de minha vida ao estudo. E mesmo assim hoje constato que não sei nada. Ainda hoje me surpreendo com o tamanho descomunal de minha ignorância, de quanto eu não sei sobre tanta coisa, de minha completa estupidez sobre um bilhão de assuntos os mais variados e diferentes.

O que me consola a esse respeito é saber que tenho ainda alguns anos pela frente para aprender coisas novas, e que após esta vida, terei muitas outras para continuar aprendendo.

E ao mesmo tempo, o que me entristece, é ver tantas pessoas queridas perdendo um bem tão precioso: Tempo. E deixando de adquirir outro bem ainda mais precioso: Conhecimento. E nem ao menos percebem isso.

 

 

Publicado em 29.09.2017