Dizem os cientistas que a pandemia de Covid está diminuindo. O mundo inteiro, pouco a pouco e com cuidados, começa a retomar as atividades normais.
Na maior parte dos países o pior parece já ter ficado para trás e o achatamento da curva de contágio é evidente. Em todos estes países, alguns desde o início, em outros mais tarde, houve isolamento social, conscientização pública, esforço e colaboração conjunta entre dirigentes, autoridades científicas e médicas, para enfrentar o vírus com base em critérios científicos, colocando a saúde da população em primeiro lugar. Até o tresloucado Trump, que de início menosprezou o vírus, reconheceu depois que não dava pra brincar com ele e voltou atrás.
O Brasil é o único país onde o vírus permanece politizado. O único onde o vírus é combatido não como causador de uma doença, mas sim como inimigo político a ser desconstruído. Por aqui combate-se o vírus com palavras, xingando-o de comunista, dizendo que tudo não passa de histeria e distribuindo memes governistas, ridicularizando as recomendações de segurança.
Enquanto isso, cientistas, médicos e todos que recomendam cautela são ofendidos e rotulados de egoístas que não se importam que trabalhadores morram de fome. A norma do governo é não enxergar mortos, desmoralizar estatísticas, menosprezar o sofrimento de milhares de famílias enlutadas, não praticar isolamento, não usar máscaras e permanecer na contramão do resto do mundo. Tudo incentivado pelo presidente.
Como resultado, nossa curva segue subindo mais rápido que um foguete. Localidades onde o isolamento foi precipitadamente reduzido tiveram que voltar atrás. O vírus agora se propaga para o interior, sem dar nenhum sinal de estar perdendo seu ímpeto. A ausência de medidas eficazes por parte do governo transformou o Brasil num Estado pária, aquele que todos evitam, que todos citam como exemplo do que não deve ser feito, aquele que ninguém quer por perto.
Países vizinhos e Estados Unidos já fecharam suas fronteiras para nós e a Europa estuda fazer o mesmo. Isso abriu nossos olhos? Acendeu a luz vermelha? Não. Nosso presidente continua agindo como se nada existisse, incentivando aglomerações e desprezando cuidados, enquanto covardemente joga a culpa nos outros.
Não há um plano para unir o país nessa guerra. Não há qualquer diretriz ou planejamento por parte do ministério da Saúde. Vivemos o cada um por si e salve-se quem puder.
Recomenda-se então a todos moradores do Brasil assinar a Netflix. Exercitar-se em casa. Observar uma alimentação saudável. Não deixar atrasar a mensalidade dos planos de saúde. E principalmente não fazer planos até o final desse ano, quiçá, talvez, nem para 2021.
Com Bolsonaro no poder, a curva só começará a cair quando cansar de subir.
Publicado em 14.06.2020