Para que nada igual jamais mais volte a acontecer em nosso país 

 

Depois de quatro anos de atordoantes ruídos, estrondos, zoadas e estampidos diários, o silêncio autoimposto de Bolsonaro é uma benção. De repente redescobrimos como é viver em paz, sem um zunido atordoante a nos infernizar. É como se um tumor em nossos ouvidos tivesse sido extirpado.

Mas o silêncio presidencial não nos foi concedido como indulto ou presente de Natal. Ele veio como consequência do medo, na verdade pavor, que se abateu sobre o (ainda) presidente.

O imbroxável broxou. O valentão se acovardou. O agressor de mulheres se amedrontou. Nenhum de nós nunca imaginou presenciar algo tão degradante e vexaminoso por parte de um presidente. O mesmo presidente que até pouco tempo se vangloriava, se exibia e ameaçava  fazer o que quisesse com a ajuda do 'seu exército'.

A partir do próximo 01 de janeiro, pela primeira vez em 32 anos, o presidente broxado não disporá de imunidade presidencial e é isso que o paralisa de medo. A causa de sua broxura é o pavor de ser preso e condenado por todos os crimes que cometeu durante os últimos quatro anos. É isso que lhe faz chorar em público e passar as noites em claro, contando os minutos que faltam para 2023.

Vivemos um final de governo tragicamente inédito. Como no filme O Piloto Sumiu, estamos num país onde o presidente sumiu. Não que ele demonstrasse possuir qualquer responsabilidade, mas agora foi além e como num surto paranóico decidiu largar tudo antes da hora.  E que fod*-se o país.

O legado que Bolsonaro nos deixa é de terra arrasada. Mais do que tentar articular um golpe, endossar manifestações criminosas e antidemocráticas, mais do que abrir a porteira para destruir o meio ambiente, aniquilar educação, saúde e cultura, incentivar a compra de armas, fomentar ódio e desinformação, disseminar mentiras e fakenews, sabotar e atrasar  deliberadamente a vacinação, transformar nosso país em pária internacional, gerar desconfiança sobre o processo eleitoral, agredir e ameaçar rotineiramente os demais  poderes Constituídos, mais do que arrasar com os cofres públicos na tentativa de se reeleger, temos um país sem verbas para serviços essenciais, onde até mesmo a  emissão de passaportes foi interrompida. Este é o legado do governo Bolsonaro.

E ainda temos que aguentar lunáticos com celulares na cabeça esperando a vinda de alienígenas de direita, e de criminosos bloqueando estradas, tentando promover o caos.  Mas também a eles o presidente broxado não responde. O presidente broxado, além de trair o país, traiu seus seguidores, os abandonando à própria sorte.

Mas não apenas o país e seus seguidores foram traídos pelo presidente broxado. A direita sensata e democrática também foi. Graças ao presidente broxado qualquer um que agora se diga de direita é visto como fanático anarquista.

Continuarão a apoiar o presidente broxado os radicais de sempre. Mas estes sempre foram assim, e sempre serão. Se preciso, se jogarão no abismo por seu mito.

Quanto à direita sensata e democrática, ela precisa olhar em outras direções e escolher novos nomes. Que esse final de governo degradante e vergonhoso sirva de lição para que no futuro saibam escolher melhor quem apoiar. 

Os desserviços que o presidente broxado prestou ao país precisarão nos próximos meses e anos ser compreendidos, estudados e analisados a fundo, assim como como fez a Alemanha ao término do nazismo. Com responsabilização e punição de todos envolvidos. Para que nada igual jamais volte a acontecer em nosso país.

 

 

Publicado em 16.12.2022