Dia desses, caminhando pelo bairro de Botafogo, passei em frente a esta mansão, que no passado abrigou a chácara de uma rica família e mais tarde serviu também como residência de Ruy Barbosa, o famoso jurista, advogado, político, diplomata, escritor, filólogo, jornalista, abolicionista, tradutor e orador.
Casas como estas são um dos poucos oásis de calmaria remanescentes na cidade e seus jardins, árvores, plantas e arquitetura nos transportam a outros tempos, mais calmos e relaxantes. Entrei, caminhei por ali e cheguei até os fundos do terreno, onde, num agradável parque florido, crianças acompanhadas de suas mães, corriam e brincavam, enquanto as menores eram embaladas em seus carrinhos.
Esta não é a única mansão de Botafogo, existem diversas outras, ainda maiores e mais imponentes, relíquias de um tempo em que Botafogo era considerado um bairro distante de tudo, e por isso foi escolhido pelas famílias ricas da cidade para a construção de suas mansões. E circulando por seus corredores lembrei que já tinha frequentado esta casa há muitos anos, quando estudava alemão, o qual acabou me sendo muito útil em viagens pela Alemanha. Leider, Ich have alles vergessen.
Mas o que eu queria mesmo dizer é que lugares como esse, raramente lembrados por quem mora na cidade e muito menos por quem vem ao Rio a passeio, deveriam ser mais divulgados. Atualmente nesta mansão funciona a sede da Fundação Casa de Ruy Barbosa e lá está um pequeno museu destinado a resgatar um pouco da história da cidade e de seus personagens mais famosos.
A este respeito, poucos personagens da história brasileira foram maiores que Ruy Barbosa, que é lembrado sempre pelo apelido de Águia de Haia, referência à sua magistral atuação como delegado do Brasil na II Conferência da Paz, em Haia, Holanda, em 1907.
Sempre que penso em Ruy Barbosa lembro de suas frases famosas, e dentre todas, a que eu mais aprecio diz:
"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto".
Como se vê, até hoje nada mudou.
Publicado em 24.08.2018