Era uma estrela-cometa, um tipo de estrela muito rara e que poucas pessoas já tinham visto. Tinha um brilho incomum, avermelhado, e viajava a uma velocidade espantosa, chamando a atenção de todos que a viam cruzar os céus. Era quase impossível não perceber a passagem da estrela-cometa, porque ela se destacava sempre que aparecia, e todos ficavam muito felizes quando ela surgia, porque além de ser muito bonita, ela trazia alegria para todos no reino.

Além do brilho intenso, a estrela-cometa tinha outra particularidade. Ela tinha uma órbita muito alongada, e que a levava às vezes até os confins do universo. Isso fazia com que ela, de tempos em tempos, sumisse da vista de todos.  As noites então ficavam mais escuras e tristes, e durante estes períodos as pessoas se perguntavam quando ela iria aparecer novamente, mas ninguém sabia responder.

O que ninguém sabia é que estrelas-cometas não tem órbitas fixas. Elas são estrelas inquietas e desbravadoras e estão sempre à procura de regiões desconhecidas. Por isso nenhum cientista e nenhum astrônomo do reino havia sido capaz de prever quando ela iria aparecer novamente. Só o que se podia fazer era esperar, dia após dia, ano após ano. Mas uma coisa era certa e isso todos sabiam, um dia a estrela-cometa iria aparecer novamente. Ela sempre aparecia, mesmo que demorasse muito.

Certa vez, a estrela-cometa demorou muito a aparecer, muito mais que o normal, e pela primeira vez, todos ficaram pensando que nunca mais iriam vê-la cruzar os céus. Uma grande tristeza se abateu sobre todo o reino, porque nem o sol, nem a lua, nem todas as outras estrelas juntas eram capazes de, com seu brilho, iluminar as noites do reino como a estrela-cometa.

Uma noite então, quando todos menos esperavam, quando todas esperanças pareciam perdidas, a estrela-cometa surgiu novamente, mais fulgurante e luminosa que nunca, irradiando alegria e felicidade. Todos no reino riram e festejaram durante três dias e três noites e daí em diante aquela data passou a ser comemorada como feriado nacional.

Um dia, não se sabe como, surgiu a notícia que a estrela-cometa iria mudar de órbita, iria para muito longe, e que nunca mais seria vista cruzando os céus. Uma grande tristeza se espalhou então por todos os recantos do reino e as pessoas ficaram tristes, abatidas e muitas delas até mesmo chorando pelos cantos. E tentaram impedir a estrela-cometa de ir embora.

Foi quando um homem de barbas grisalhas surgiu e disse bem alto o que todos já sabiam, mas não queriam admitir: Eles estavam sendo egoístas ao desejar que a estrela-cometa continuasse a brilhar apenas sobre aquele reino. A estrela-cometa ia para uma outra órbita sim, mas não ia sumir. Ela continuaria a ser vista, não somente daquele reino, mas também de outros reinos distantes, que também tinham aprendido a se guiar pela estrela-cometa.

E todos no reino finalmente compreenderam que não havia motivo para tristeza. A verdade é que estrelas-cometas não nascem para brilhar somente em um lugar. Elas seguem sempre em frente, brilhando onde quer que se encontrem. E aquela estrela-cometa nunca iria sumir nem parar de brilhar. Ela iria sempre iluminar os céus daquele reino e de muitos outros.

E para continuar a vê-la bastaria somente aprender a olhar em outra direção.

 

 

Publicado em 12.03.2017