Fargo

 

Há muito tempo assisti no Metro Copacabana um filme chamado A Trilha de Salina. Eu tinha 18 anos e achei um filmaço. A história eu não me recordo mais, mas lembro que rolava um clima de mistério, emoções e revelações. O nome do lugar - Salina - nunca mais me saiu da cabeça, ficava na Califórnia. Então eu decidi que tinha que ir até Salina. Havia alguma coisa chamativa naquele lugar que iria modificar minha vida para sempre. Eu não sabia como iria lá nem quando, mas sabia que iria. E que após conhecer Salina minha vida nunca mais seria a mesma. Coisas dos 18 anos.

Muitos anos depois, já adulto, numa viagem de carro pela Califórnia com minha mulher, lembrei do filme e daquela minha antiga resolução dos 18 anos. Decidimos então desviar a rota para ir até Salina e finalmente conhecer o lugar que iria mudar minha vida. E claro, não deu outra, foi a maior decepção. O lugar era um tédio, não tinha absolutamente nada de especial.  Nem emoções nem revelações. E muito menos uma trilha.

Lembrei disso porque agora estou assistindo FARGO, na Netflix. A série é inspirada no filme de mesmo nome, produzido em 1996, pelos irmãos Coen, e que virou um clássico na categoria black comedy crime. Já vi várias vezes e todas elas me divirto com a interpretação do genial William H. Macy, no papel do bobalhão frustrado tentando dar um golpe no sogro e vendo tudo dar completamente errado.

E foi por gostar daquele filme que resolvi assistir a série de mesmo nome, disponível na Netflix, mas comecei a assistir com reservas. Seria impossível, pensei, estar à altura do original. Mas embora ainda esteja no 6º episódio da 1ª temporada, já deu pra ver que me enganei. A série é ótima, faz jus ao filme, misturando elementos de humor, drama e crime na dose certa. Não dá pra largar.

Mas assistir essa série me causou um efeito colateral: Fiquei com vontade de conhecer Fargo. O problema é que esse é o tipo de lugar que ninguém nunca pensa em um dia visitar. Fargo está situado no estado de North Dakota, centro-norte do país, distante de tudo, quase fronteira com o Canadá. Lá faz um frio do cão e durante o inverno a temperatura chega a 30 graus abaixo de zero. Um tipo de Salina versão sub-ártica.

Mas meti na cabeça que tenho que conhecer Fargo e vou. Só não sei como nem quando.

Algo me diz que vou me decepcionar novamente.  

 

 

Publicado em 27.06.2020