Mais de 600 empresas de grande porte já aderiram ao boicote ao Facebook, deixando de anunciar na Mãe de Todas as Redes. O movimento, que começou nos Estados Unidos, alastra-se, e já chegou à Europa e ao Brasil.
Tudo teve início como mais uma reação ao assassinato de George Floyd, e as subseqüentes declarações de ódio postadas no Face por grupos supremacistas brancos. Mas não ficou só nisso, o movimento tornou-se mais amplo e passou a exigir o banimento de todas as postagens que incentivem ódio e intolerância. Até agora este movimento já causou ao Facebook um prejuízo estimado de 60 bilhões de dólares.
Mas isto é pouco para Mark Zuckerberg. Ele continua fazendo jogo duro e se recusando a alterar os algoritmos que controlam o que é publicado e o que aparece em nossas timelines. E a razão é que essas grandes empresas, apesar do prestígio e influência, representam apenas 6% do faturamento do Facebook com anúncios. Mark acha que pode abrir mão delas, continuar permitindo postagens odientas e ainda continuar lucrando. Mas esquece algo importante.
Não é apenas o lucro que mantém uma empresa viva e saudável. É a forma como ela é percebida pela sociedade. A partir do instante em que uma empresa passa a ser vista como associada a procedimentos condenáveis, imorais ou insensíveis às demandas sociais, perde-se a confiança e o caminho pode complicar.
Exemplos não faltam de empresas e instituições que naufragaram por se mostrarem insensíveis às demandas dos novos tempos. Nenhuma do porte de Facebook, é preciso reconhecer, mas sempre há uma primeira vez para tudo. Na Inglaterra do século 18, o movimento abolicionista encorajou ingleses a boicotar bens produzidos por quem utilizava mão de obra escrava. Menosprezado de início por grandes produtores, o movimento surtiu efeito e contribuiu para acabar com a escravidão no país.
Aguardemos os próximos capítulos. Mas pelo sim pelo não, recomenda-se aos que têm hábito de postar conteúdo odiento em seu Faces, começar desde já a procurar uma nova plataforma para se expressar.
Publicado em 03.07.2020