O Incêndio da Notre Dame

 

Passados alguns dias do incêndio que deixou meio mundo de luto, após a fumaça ter se dissipado e as cinzas esfriado, é possível ver que a tragédia poderia ter sido muito pior. Menos mal. As três imensas rosáceas felizmente não foram atingidas. O altar e sua grande cruz não foram danificados. O órgão do século XV com seus 8 mil tubos escapou quase intacto. O inestimável tesouro, que inclui entre outras peças a coroa de espinho que teria sido usada por Cristo e a túnica de São Luis, de 1239, não foram destruídas.

A estrutura principal, torres e paredes de pedras conseguiram resistir ao calor e às chamas e permaneceram de pé. E a quantia arrecadada proveniente de doações espontâneas vindas de todas as partes do mundo para as obras de recuperação surpreendeu a todos, somando quase um bilhão de dólares somente nas primeiras 24 horas. Já é possível até mesmo sonhar com uma rápida reconstrução, que dure apenas quinze anos (Macron, num arroubo de otimismo, prometeu que tudo estará pronto em cinco anos, mas ele é um político, por isso não podemos levar a sério o que diz).

A emoção, comoção e solidariedade manifestadas em todos os pontos do globo serviram para confirmar o que todos já sabiam: Não se trata apenas de uma catedral, nem de um templo católico e muito menos de um monumento francês. A Notre Dame de Paris pertence ao mundo. Ela pertence a todos nós, aos que já a viram de perto, aos que sonham em um dia ir até lá e mesmo aos que sabem que nunca irão. Ela é um marco da história da humanidade, e por isso transcende religiões, nacionalidades ou línguas.

E eu fico me perguntando quanto tempo precisaremos ainda esperar até ouvir novamente seus sinos e se espantar mais uma vez com suas gárgulas.

 

 

Publicado em 17.04.2019