O que a gente faz quando durante um evento qualquer, um membro de nossa família resolve subir na mesa do salão, agir de forma destrambelhada, contar piadas de mau gosto, inventar histórias ridículas, mentir sobre tudo, fazer xixi na jarra de vinho, prestar-se a um papel ridículo e submeter toda família à vergonha inenarrável? A gente finge que está tudo bem? Ri? Acha divertido? Fica convencido que todo mundo vai achar graça e depois vai continuar a falar bem de nossa família?
O que Pazuello está fazendo com nosso exército - e por extensão às forças armadas - é mais ou menos isso.
Graças ao desempenho medíocre de Pazuello no ministério da saúde, sua vassalagem explícita ao presidente, suas mentiras deslavadas na CPI, seu afrontoso passeio sem máscara num shopping de Manaus, e agora sua participação numa manifestação política junto ao presidente - o que é proibido a militares da ativa - ele presta um desfavor às nossas forças armadas, as constrange e embaraça.
Mas as atitudes de Pazuello foram mais além e conseguiram o que até há pouco tempo parecia improvável: Jogar por terra o mito da organização militar, desmoralizar sua conceituada logística, desfazer a ideia que generais são todos inteligentes e preparados.
Depois de ver tudo que ele fez é impossível não ficarmos preocupados, pois se um general de nosso exército mostrou-se tão incapaz na área da saúde e tão medroso numa CPI, nem é bom imaginar o que poderia acontecer se precisássemos enfrentar uma guerra.
O exército agora está na curiosa situação em que, ou aplica em Pazuello uma punição exemplar e o transfere para a reserva, de forma a deixar claro que não endossa nem aprova suas atitudes, ou nossas gloriosas forças armadas nunca mais serão vistas como antes. E se isto infelizmente vier a acontecer, vale lembrar, não terá sido obra de nenhum terrorista ou comunista. Terá sido obra de um general da ativa.
Publicado em 24.05.2021