Algumas semanas atrás, a empresa Airbus anunciou que vai interromper a produção do A380, o maior avião comercial do mundo, com dois andares e capaz de transportar, dependendo da configuração, até 853 passageiros. A Airbus alegou que a demanda por este modelo está abaixo do esperado e que a continuidade de sua produção deixou de ser rentável. Como apaixonado por aviação que sou, fiquei morrendo de pena ao ler essa notícia.
É impossível ver o A380 de perto e não ficar impressionado com seu porte. Ele nunca chegou a ser uma aeronave tão icônica quanto o Boeing 747(que está em serviço há 50 anos), mesmo assim durante os parcos doze anos que voou o A380 deixou sua marca nos céus.
Não é fácil projetar um avião. Dos primeiros desenhos até o voo inaugural é um longo processo, e não é exagero dizer que os aviões que estarão voando daqui a vinte anos, já estão sendo projetados hoje. Boeing, Airbus e Embraer precisam prever quantas pessoas estarão voando daqui a vinte anos, em quais rotas, entre que cidades, fazendo conexão onde, para quais países, em quais companhias, quantas encomendas terão, de quais companhias aéreas, qual será a taxa de ocupação, quanto os passageiros aceitarão pagar pela passagem, e ainda como estará a economia global, qual será o preço do combustível e qual será a margem de lucro das empresas aéreas, entre outros tópicos.
Por melhores que sejam os modelos matemáticos e as bolas de cristal de Boeing, Airbus e Embraer, nem sempre elas acertam, como neste caso do A380, que não apresentou custos de operações vantajosos para as companhias aéreas.
Sempre sonhei voar no A380, e em meus sonhos me imaginava numa naquelas suítes nababescas da primeira classe da Emirates, que dispõem de cama de casal com colchão de 40cm de altura, lençóis de seda chinesa, tapeçaria árabe, TV UHD 8K 4D de 50 polegadas, bebidas de todos lugares do mundo, pratos preparados pelos melhores chefs franceses, banheiro exclusivo com sauna a vapor e seca, massagista tailandesa, mordomo inglês e gueixa japonesa, todos à disposição para atender meus mais loucos desejos. O único problema seria pagar a passagem, mas isso nunca me preocupou. Sonho é sonho.
Quando planejamos uma viagem, nunca escolhemos o destino em função do modelo de avião. O que levamos em consideração é, na maior parte das vezes, o preço, a conveniência de horários, conexões e, para alguns, a melhor forma de acumular milhas. O mesmo acontece com companhias aéreas, a gente pode até simpatizar e preferir algumas, mas se as condições em outras forem melhores, é nela que nós vamos.
Às vezes me perguntam qual é a melhor companhia aérea para longas viagens, e como um um viajante que ao longo dos anos já acumulou 1.350 horas de voo em diversas companhias (United, American, Eastern, Delta, TAP, Air France, British Airways, Olympic, Iberia, Ocean Air, Lufthansa, Aerolineas Argentinas, Pluna, Portugalia, LAN, Malev, Finair, Aeroflot, Aer Lingus, todas as brasileiras e outras que nem existem mais), eu constatei que, no fundo, são todas praticamente iguais. Podem até ser diferentes a pintura dos aviões, a cor dos assentos, o molho da massa, o tempero da carne, o uniforme das comissárias e a loção na bancada do banheiro, mas o resto é tudo igual.
E para quem quer viajar com mais conforto, os dois conselhos que eu sempre dou é: acumule milhas de todas as formas possíveis. E use suas milhas para fazer um upgrade.
É nas classes business e first, que na verdade, está toda a diferença do mundo.
Publicado em 25.03.2019