Nunca pensei que um dia eu chegaria a ver no Rio um surto de interesse em aprender Coreano, mas o K-Pop, como é conhecida a música Pop feita na Coréia do Sul, virou uma epidemia global, fatura bilhões de dólares, cria grupos novos a cada mês, lota estádios, tem legiões de fãs em praticamente todos os países e está animando muitos adolescentes a aprender coreano, para entender as músicas de seus ídolos.
Aprender línguas novas é sempre positivo e estimulante, mas nem sempre fácil. E definir o que é uma língua fácil ou difícil depende muito de qual é a língua materna. Para quem fala português, aprender uma língua latina, como o espanhol, francês ou italiano não costuma ser difícil e estudos afirmam que cerca de 600 horas de aula são suficientes para podermos nos expressar bem nestes idiomas.
Já quem quiser aprender inglês vai ter que estudar aproximadamente 1.200 horas para chegar ao mesmo nível de proficiência. Quem quiser aprender mandarim (chinês) ou japonês, vai ter que se esforçar durante 2.200 horas. E quem quiser aprender Coreano vai ter que se esforçar ainda mais.
Além de ser uma das línguas mais difíceis do mundo, com caracteres semelhantes ao chinês e japonês, o Coreano é falado exclusivamente nas Coreias, ou seja, se você não pretende visitar Seul nem Pyongyang, é pouco provável que seu esforço valha muito a pena. O Hangeul, como é chamado o alfabeto coreano, tem 40 letras e três mil caracteres, os adjetivos tem função de verbos e podem ser escritos de formas diferentes para indicar o tempo da ação. E esta é a parte fácil.
Mas se você nunca ouviu um grupo de K-Pop esteja certo que não está perdendo muita coisa e nem há necessidade de aprender coreano só para curtir as músicas. Os grupos de K-Pop geralmente tem de 4 a 15 integrantes, todos muito jovens e formados exclusivamente por meninas ou meninos, com coreografia muito trabalhada e às vezes com apelo erótico. E os shows, quase sempre em playback, são uma mistura de Turma do Balão Mágico com campeonato de Cheerleaders.
Mas gosto musical não se discute. Eis aí o poder da música.
Publicado em 19.11.2019