A Bailarina de Auschwitz já foi descrito como a versão final feliz de O Diário de Anne Frank, excetuando-se que este não é um diário.
Edith Eva Eger, a autora, era nos anos 40 uma menina que morava na Hungria, sua terra natal, e levava uma vida normal, como a de qualquer outra adolescente. Fazia parte da equipe de ginástica de sua escola, dançava balé, tinha um crush, se divertia/irritava com as duas irmãs, ia à escola e tinha planos de vida, muitos e bons. Mas um dia, sem aviso prévio nem razão, tudo mudou. Edith era judia.
Pouco a pouco a vida da família foi invadida por eventos com os quais eles não tinham qualquer relação mas sofriam as consequências. Foram obrigados a usar a estrela amarela. Seu pai foi demitido. Não podiam mais andar de bicicleta, nem frequentar parques, sentar em bancos na rua, ir a restaurantes ou frequentar lojas, entre muitas outras proibições absurdas. Mas isto foi apenas o início.
Um dia, soldados usando uniformes com uma suástica no braço chegaram à casa da família e deram ordem de despejo, também sem aviso prévio. Foram levados para um depósito dos subúrbios e lá ficaram aguardando serem transportados para outro lugar, sem saber por quanto tempo, nem porquê nem para onde.
A história narrada no livro é verídica, foi escrita pela menina Edith Eva Eger, muitos anos depois desses eventos, e ela relata como conseguiu superar o desafio diário que era sobreviver no campo de concentração de Auschwitz, como enfrentou seus medos, o frio, a fome, a incerteza de cada dia e como criou em sua mente um mundo que lhe permitisse continuar acreditando que aquilo ia passar e que ela conseguria sobreviver.
Por incrível que pareça, este não é um livro de sofrimento ou desespero. É o oposto, uma história de esperança, determinação, coragem e força extraordinária. Tudo narrado pela menina que um dia foi obrigada a dançar ballet para Josef Mengele, conhecido como Anjo da Morte, sabendo que sua vida dependia daquela performance.
Edith Eva Eger sobreviveu à Auschwitz e a seus traumas, foi libertada, recuperou-se, casou, teve filhos, mudou-se para os Estados Unidos, aprendeu inglês, estudou, diplomou-se em psicologia, fez diversas pós-graduações, tem hoje 92 anos e transformou-se num dos nomes mais respeitados e reconhecidos no campo do tratamento e superação de traumas psicológicos.
Atualmete ela é uma renomada palestrante motivacional e sua história tem inspirado e auxiliado incontáveis pessoas. Como disse a também escritora Jeannette Walls: Em vez de deixar seu doloroso passado destruí-la, ela escolheu transformá-lo num poderoso dom, que usa para ajudar os outros a alcançarem suas curas.
A Bailarina de Auschwitz, além de ótimo livro, nos faz ver que nossos problemas não são tão grandes como geralmente pensamos. E que podemos superá-los.
Merece ser lido.
Publicado em 12.01.2020