A única Greta que eu conhecia era a Garbo. Sobre a outra, Greta Ernman Thunberg, nunca tinha ouvido falar. Outro dia vi na televisão, por acaso, um trecho do discurso que ela tinha feito na ONU, e soube que sua fala tinha dado o que falar.
Greta é Sueca, mora em Estocolmo, tem 16 anos, é ativista do clima, que é como se chama quem milita a favor de medidas para combater o aquecimento global e preservar o meio ambiente.
O ativismo de Greta começou aos 14 anos, quando, devido às ondas de calor e incêndios florestais em seu país, ela decidiu faltar à aula e fazer um protesto solitário sentada em frente ao prédio do parlamento, segurando uma plaquinha onde se lia Skolstrejk för klimatet (em greve escolar pelo clima). Sua atitude quixotesca inspirou jovens de outras cidades, e juntos eles organizaram um movimento sob o lema Fridays for Future (6as feiras pelo futuro), que teve repercussão mundial. Greta foi então convidada para participar da 2018 United Nations Climate Change Conference, em New York, fez um discurso surpreendente e daí para a frente seu movimento solitário transformou-se em movimento global. Greta havia se tornado uma celebridade do clima e isso começou a incomodar muita gente.
Em maio de 2019 Greta foi escolhida para ilustrar a capa da importante revista americana Time, e foi considerada pela revista como a Lider da Próxima Geração, o que começou a dar ódio aos poderosos.
Características marcantes em Greta são seus discursos enérgicos, suas expressões faciais duras e suas críticas impiedosas contra políticos e empresários, acusando-os de serem responsáveis pela destruição ambiental e deterioração do clima, ou seja, tudo aquilo que não se espera de uma menina de 16 anos. Mas a gota d'água, o toque final que faltava para Greta chamar a atenção do planeta inteiro e ao mesmo tempo transformar-se no alvo prioritário de grupos que negam o aquecimento global foi seu discurso na ONU em 23 de setembro último, quando ela acusou governos de, em suas palavras, terem traído os jovens e de ter roubado seus sonhos e infâncias com suas palavras vazias. Foi um soco na cara dos ricos e poderosos. Mas o troco para Greta viria rápido.
Nos últimos dias, quem frequenta as redes sociais pode testemunhar ao vivo e a cores como é feito o processo de destruição de uma pessoa, no caso, de uma jovem de 16 anos. E as redes sociais foram inundadas com mentiras, calúnias, falsidades, maldades, ataques pessoais, ilustrações grotescas e montagens odientas. Todas elas atacando Greta.
O pior é que todas essas agressões foram feitas não por outras crianças, mas sim por adultos, pessoas poderosas e influentes. E nenhuma delas teve vergonha de agredir uma menina de 16 anos. Seu objetivo era destruí-la, caluniá-la, desonrá-la, associá-la a interesses ocultos, grupos esquerdistas e coisas semelhantes. Até mesmo Eduardo Bolsonaro, que quer ser embaixador, fez sua parte neste movimento de ódio, postando imagens falsas de Greta.
Por que uma menina de 16 anos incomoda tantos adultos? Se ela está mentindo não seria mais inteligente deixá-la falar sozinha? Deixar passar seus 15 minutos de fama? E depois deixar o mundo inteiro esquecê-la?
Eu nunca teria ouvido falar em Greta Thunberg não fosse pela reação odienta da direita radical. Foram eles, com suas baixarias e calúnias sórdidas, que me fizeram olhar para Greta. E eu gostei muito do que vi nessa menina.
Não sei quanto tempo ainda vai durar essa Onda Greta, mas sinto que algo grande está chegando, e como na história de David e Golias, essa frágil menina poderá derrotar o gigante.
Greta Thunberg, a líder da Próxima Geração, eu estou contigo. E espero estar aqui para ver o dia do teu triunfo chegar.
Publicado em 26.09.2019
N.do A.: A realidade da pandemia, os benefícios das vacinas e o aquecimento global são temas que irritam aos deniers, como são conhecidos os negacionistas americanos. Eles consideram essas temáticas falsas, nada mais que invenções comunistas, e por essa razão Greta desperta tanto ódio na direita radical, inclusive no Brasil.