A Caneca do Denny's

 

Já contei aqui sobre algumas de minhas manias, mas acho que sobre essa eu nunca tinha falado: Eu amo canecas. E as coleciono.

Cada vez que chego em algum lugar e vejo uma caneca diferente, interessante, exótica, engraçada ou associada a algum lugar que eu goste, eu não resisto, tenho que levar. Isto tem me trazido alguns problemas, sendo o principal a falta de espaço para guardá-las.

Outro dia mesmo, minha cara metade me deu uma bronca, dizendo que eu não poderia trazer mais canecas para casa sem antes me livrar de algumas. Mas como fazer isso? Cada caneca é única e merece respeito. Elas tem sentimentos e não podem ser descartadas sem mais nem menos. Você jogaria fora um gatinho só porque ele é velho? Com canecas é a mesma coisa, com o tempo elas viram membros da família.

Essa caneca da foto, por exemplo, eu trouxe do Denny’s. Para quem não sabe, o Denny’s é uma cadeia americana de restaurantes ao estilo diner, que é algo mais ou menos como um lugar com design retro especializado em servir comida típica americana, ou seja, pancakes com cobertura de maple syrup, sanduíches deliciosos com 20 cm de altura, batatas fritas incríveis, shakes cinematográficos e todas aquelas coisas deliciosas que entopem nossas artérias de gordura.

Não dá pra passar batido por um Denny’s. Para mim ele vai estar sempre associado às minhas primeiras viagens aos Estados Unidos, quando sempre que a gente via na estrada aquela placa amarela com letras vermelhas tinha que parar e entrar. E nessas ocasiões meu pedido era sempre o Grand Slam (buttermilk pancakes, scrambled eggs, bacon strips, sausage and hash brown) acompanhado de coffee with cream e arrematado por um copaço de orange juice. Era comer e morrer de felicidade.

Mas não foi fácil conseguir essa caneca do Denny's. A garçonete, muito admirada por alguém querer levar uma caneca (aparentemente nunca alguém tinha feito um pedido que também incluísse a louça) dizia que elas não estavam à venda, e nem tinham preço.

Foi preciso chamar o gerente, insistir e argumentar muito, até que ele, provavelmente para ficar livre daquele brasileiro louco, concordou em vender uma de suas canecas por absurdos US$10. Mas eu paguei no ato, antes que ele mudasse de ideia, e logo depois fui embora todo feliz com a caneca embaixo do braço, enquanto todos me olhavam de um jeito estranho.

Muitos anos se passaram, e até hoje a caneca do Denny’s permanece comigo, ocupando um lugar de honra em minha coleção. E cada vez que em casa eu preparo um prato tipicamente americano, como aquelas pancakes with butter and maple syrup, o café para acompanhar é sempre servido na minha caneca Denny's.

Loucura pouca é bobagem.

 

 

 

Publicado em 07.08.2019