Há quem não acredite em Deus nem em vida fora da Terra. Faz sentido.
Há quem não acredite em Deus mas acredite em vida fora da Terra. Faz sentido.
Há quem acredite em Deus mas não acredite em vida fora da Terra. Não faz sentido.
E todas as vezes que ouço alguém expressando esse pensamento me surpreendo com sua implícita contradição.
Como supor que Deus criou o universo, com seus milhões de galáxias, bilhões de sóis, zilhões de planetas, incontáveis nebulosas, buracos negros e tantas outras coisas que a nossa ciência não conseguir ver, sequer entender ou explicar, apenas para recrear nossa visão? Como acreditar que tudo isto foi criado somente para embelezar nossas noites?
Essa presunção torna-se ainda mais insensata quando lembramos que a parcela do universo visível aos nossos olhos, e mesmo aquela mais além, ao alcance apenas dos mais poderosos telescópios e sondas espaciais, corresponde apenas a uma fração ínfima do universo conhecido. Faz sentido imaginar que Deus teria criado algo apenas para nos recrear os olhos quando este algo está fora do alcance da visão?
Excluindo-se, por absurda que é, esta hipótese, é forçoso admitir que deve haver alguma outra razão para a existência de tantos corpos celestes.
Supor que eles não tem qualquer finalidade ou objetivo, que teriam surgido ao acaso ou apenas para preencher o vazio do universo, que são mortos e sem vida é uma hipótese que não se sustenta, incompatível não apenas com todas as probabilidades científicas, mas principalmente com a crença em Deus, por definição perfeito em tudo, que nada deixa ao acaso e que é incapaz de criar algo sem propósito definido.
Supor que todos os corpos celestes existam apenas para nossa recreação visual assemelha-se à crença medieval que a Terra constituía o centro do sistema solar, enquanto todos os outros planetas e o sol orbitavam em torno dela. É um pensamento fruto da ignorância e incapacidade em admitirmos nossas limitações no que diz respeito ao conhecimento do universo e, no tocante ao aspecto religioso, quão pouco entendemos dos desígnios de Deus e de sua obra.
Olhar para o firmamento iluminado em uma noite escura não deve servir apenas para nos recrear os olhos nem para inspirar poemas. Isto é bom, mas não é tudo. A visão do firmamento nos fornece um importante lembrete: O de que somos incrivelmente pequenos, assim como nosso planeta, e que muito ainda temos a aprender e evoluir.
Mas a visão do firmamento iluminado nos fornece ao mesmo tempo um grande incentivo: Para quem acredita em Deus, ela é um convite e estímulo à evolução que todos devemos buscar, moral e espiritual.
O que hoje para nós é incompreensível irá se fazer entender à medida que progredirmos. Nesse dia seremos capazes de compreender que não existem vazios nem acasos, que tudo no universo tem uma causa e razão, e que ele é pulsante de vida.
E ficará claro o verdadeiro significado daquela frase dita há dois mil anos:
"Na casa de meu pai há muitas moradas".
Publicado em 19.12.2019