Estou assistindo a minissérie HEBE no Globo Play, e não é que é muito boa? Nunca fiz caso da Hebe Camargo, nem como apresentadora nem como cantora (sim, ela começou a carreira como cantora), mas é inegável que Hebe teve um carisma como poucas outras personalidades da TV. E assistindo essa minissérie estou descobrindo que ela foi uma mulher à frente de seu tempo.
Minhas primeiras lembranças da Hebe são ainda de quando eu era criança, ouvindo minha tia Gelcy cantando Quem é, um dos grandes sucessos de Hebe, lançado em compacto duplo (quem não souber o que é isso favor consultar o Google), em 1960.
Hebe tinha uma voz bonita, era determinada e sabia correr atrás de seus objetivos, como é mostrado na série. A história vai e volta no tempo, um recurso que nos prende ainda mais a atenção. Hebe em início de carreira é representada por Valentina Herszage, praticamente uma desconhecida, mas que dá um show de interpretação e que depois desse papel tem tudo para decolar para voos muito mais altos. E Andrea Beltrão, que vive a Hebe Camargo madura está perfeita em cada detalhe, voz e trejeitos, o que em nada surpreende já que todo mundo conhece o talento de Andrea de longa data (eu o conheço desde os tempos de Lula, Juba e Bacana, e quem não souber quem são esses três favor consultar o Google de novo).
A minissérie tem dez episódios e um bom ritmo, sendo que merece elogios a ótima reconstituição de época. Hebe não é uma minissérie para antigos fãs da cantora-apresentadora. Bem, na verdade é, mas não fica só nisso. Começa como o retrato de uma época onde mocinhas do interior não sabiam como 'se prevenir' contra a gravidez, onde o título de Rainha do Rádio era o máximo que uma cantora poderia desejar e onde a televisão tinha até hino. E avança mostrando como uma moça ingênua se transforma num ícone da TV, levando ao seu programa tudo que lhe dava na telha, sem medo de enfrentar diretores, produtores e censores.
Hebe foi uma personagem de várias facetas: Controversa, cafona, ousada, hilária e interessante. E muita gente, inclusive eu, só está descobrindo isso agora.
Publicado em 25.12.2019