O Pequeno Engenheiro

 

Dia desses, caminhando pela rua, vi essa caixa de brinquedo na vitrine de uma papelaria e não houve jeito: Parei em frente e viajei legal.

Com essas pequenas peças de madeira colorida eu construía palácios, pontes, mansões e fortalezas. Erguia cidades e seus portais, pórticos e pátios. Às vezes ocorriam terremotos, causados por vassouras distraídas ou tapetes inquietos. Mas as cidades, poderosas e teimosas, erguiam-se novamente, altivas e imponentes. E quem passava e aquilo via, ria e dizia: Com certeza será um grande engenheiro. E eu, concentrado em minhas obras faraônicas, posicionando com cuidado arcos e telhados, vigas e janelas, mal respondia, enquanto entrevia prédios cada vez mais altos, torres e minaretes.

O tempo passou, e aquelas pequenas cidades também, até que outro dia, numa vitrine, reencontrei aquelas antigas ferramentas de sonhos, idênticas às por mim usadas, e meio em devaneio, me perguntei se ainda seria capaz de com elas erguer tantos palácios de sonhos.

E percebi, entre decepcionado e amargurado, que não saberia sequer por onde começar. Os sonhos que construí no passado ruíram.

E os que permanecem, exigem que eu lute todos os dias para se manter em pé. 

 

 

Publicado em 12.08.2019